A Hérnia Discal é, atualmente, um dos problemas que mais afeta a qualidade de vida das pessoas, mas para a qual já existem alternativas de tratamento conservador muito válidas.

Antes de percebermos o que fazer para tratar, vamos perceber as razões pelas quais a hérnia discal se forma.

A coluna vertebral apresenta diversos elementos como os ossos, ligamentos (entre eles, o anel fibroso do disco intervertebral), músculos, medula espinal, nervos e articulações, que formam um conjunto fisiológico indivisível, que serve de suporte e permitem ao mesmo tempo movimento. A coluna cervical é o segmento mais móvel de toda a coluna e para isso sacrifica a sua robustez e estabilidade. O peso da cabeça é significativo e tem tendência a ir para a frente submetendo desta forma os músculos posteriores da coluna a uma tensão permanente.

A evolução da sociedade de forma altamente mecanizada leva as pessoas a assumirem posturas inadequadas no dia-a-dia e no trabalho, sem movimento ou com movimentos repetitivos. A função articular altera-se com a restrição de movimentos e altera a qualidade dos músculos que cruzam a articulação, resultando em alterações da posição e aumento de tensões numa determinada zona do corpo. Estes fatores mantidos no tempo podem evoluir para disfunções mais graves como a hérnia discal.

Quais as causas de uma hérnia cervical?

  • Alterações degenerativas progressivas;
  • Doenças (exemplo: doenças metabólicas ósseas como osteoporose e diabetes mellitus, entre outras);
  • Obesidade pela sobrecarga no disco;
  • Traumatismos como o golpe do chicote ou microtraumatismos repetidos por vários anos;
  • Entre outras.

    O movimento que mais provoca a rutura do disco é a flexão associada à rotação, muitas vezes associado a posturas no trabalho que, executados de maneira repetitiva, desencadeiam um desgaste e desidratação do núcleo do disco.

    Existem também fatores biomecânicos locais que determinam os níveis mais suscetíveis à ocorrência de uma hérnia cervical como os discos C5-C6 e C6-C7. Estas zonas apresentam elevada mobilidade e relativa falta de estabilidade se comparado a outros segmentos.

    A idade é um fator de risco para desenvolver uma hérnia?

    Num individuo jovem o disco apresenta 88% de água, num adulto cai para 65%.
    À medida que o núcleo vai desidratando, maior pressão é transmitido às fibras que protegem o núcleo – o anel fibroso – tornando-se mais frágeis e com risco de rutura. Assim, as propriedades hidráulicas de amortecedor diminuem e os processos degenerativos do disco ocorrem. A fase mais critica será geralmente entre os 30 e 50 anos. Após esta fase, pela maior perda de água do disco, o núcleo não irá mais exercer pressão sobre o anel fibroso, logo, diminui o risco de ocorrer hérnia.

    Quais os sinais e sintomas da hérnia cervical?

  • Dor persistente no pescoço por vezes com irradiação para um ombro e braço;
  • Parestesias, tais como entorpecimento e formigamento, sobre o antebraço, a mão e os dedos;
  • A dor é acentuada por movimentação do pescoço e através da tosse, espirro ou esforço para defecar;
  • O desconforto é intenso à noite e interfere com o sono;
  • O movimento da cabeça tanto para frente quanto para trás e geralmente na direção do lado da dor aumenta o desconforto;
  • Tensão muscular acentuada;
  • Vertigem, zumbido, distúrbios visuais (diplopia), desfalecimento ao mover a cabeça.

    Os sinais e sintomas vão variar de acordo com a etiologia da hérnia.

    Episódio agudo e traumático: provocam dor repentina e grave.
    Episódios crónicos: sintomas mais graduais e frequentemente episódicos.

    Ambos podem estar acompanhados ou não de comprometimento neurológico.

    Como tratar a hérnia cervical?

    Com uma avaliação e intervenção especializada dentro da Terapia Manual e Exercício podemos ajudá-lo(a) a recuperar da sua dor e devolver-lhe a sua função e qualidade de vida.

    O tratamento deve iniciar o mais cedo possível mesmo sem ainda ter sintomas para, de forma preventiva, impedir a evolução do problema. No caso de presença de dor será importante intervir desde logo para se restabelecer o equilíbrio da região cervical e assim impedir que a situação se agrave e que se instalem compensações exageradas e disfuncionais em defesa da dor.

    A Reeducação Postural Global, as Técnicas Manuais, a Osteopatia e o Pilates Clínico são técnicas atuais que permitem um alivio imediato dos seus sintomas, diminuindo a inflamação local e devolvendo a mobilidade e o controlo motor da região cervical. São métodos seguros, realizados sempre de forma individualizada e com resultados duradouros. Para além dos tratamentos realizados em clínica, o profissional de saúde da equipa FISIOVIDA irá ensiná-lo a prevenir as más posturas e maus hábitos em casa e no trabalho que poderão prejudicar a sua situação.

    A cirurgia deve ser sempre colocada como última opção de tratamento. A indicação cirúrgica é apenas aconselhado em caso de hérnias volumosas, com compressão das estruturas nervosas, e quando o tratamento conservador se apresenta ineficaz. Todas as outras situações devem ser abordadas de forma conservadora.

    Autor do artigo: Dr. João Baptista – fisioterapeuta FISIOVIDA

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