A PLAGIOCEFALIA é o termo clínico dado à existência de uma alteração da forma da cabeça -“cabeça oblíqua”– a qual pode resultar do fecho precoce das suturas craniais do bebé – CRANIOSSINOSTOSE- em que o tratamento nesta situação será apenas cirúrgico. No entanto, e mais frequentemente, também pode ser devido ao posicionamento prolongado/preferencial da cabeça do bebé, causando uma pressão externa constante exercida numa mesma região.
O crescimento da estrutura óssea cranial depende da força interna produzida pelo cérebro, também este em crescimento. Se uma força externa se sobrepuser a ela, este crescimento ósseo vai estar condicionado. Mas como o cérebro tem de continuar a desenvolver-se, então o crânio vai aumentar o seu tamanho através do crescimento dos ossos que estão mais livres de pressão, dando assim origem à assimetria cranial característica da plagiocefalia, em que a região menos desenvolvida fica aplanada e as que compensam esse desenvolvimento estão mais salientes.

A plagiocefalia pode ser congénita ou adquirida:

  • Se congénita, está mais relacionada com a posição intra-uterina adotada pelo bebé ou durante o trabalho de parto;
  • Na forma adquirida, fatores como a presença de torcicolo congénito, podem influenciar o seu aparecimento.

    De facto, a incidência da plagiocefalia posicional adquirida é variável e dependente da idade, mas tem vindo a aumentar significativamente nos últimos 20 anos (1:300 em 1976 para 1:60 atualmente) fruto da campanha “Back to sleep” lançada em 1992 pela Academia Americana de Pediatria, para a prevenção da Síndrome de Morte Súbita.

    Normalmente afeta mais o sexo masculino (2/3 dos casos) e é mais frequente à direita. Também existem outros fatores predisponentes:

  • gravidez gemelar;
  • parto prolongado e/ou instrumentações;
  • Prematuridade;
  • Sobreposição das suturas craniais.

    Como identificar se o meu bebé tem plagiocefalia?

  • Pela forma característica da cabeça em paralelograma;
  • Aplanamento posterior da cabeça de um dos lados;
  • Proeminência da testa do mesmo lado;
  • Proeminência posterior da cabeça do lado oposto;
  • Orelha do mesmo lado mais anterior (85% dos casos).

    Alterações faciais:

  • Assimetria posicional dos olhos e orelhas;
  • Olho do mesmo lado parece maior;
  • Bochecha parece mais cheia do mesmo lado;
  • Assimetria das fossas nasais;
  • Assimetria da mandíbula.

    Mas quais as consequências?……Será apenas um problema estético?

    Não! Os estudos científicos desenvolvidos até à data sobre a matéria não são consensuais e por esse motivo ainda há uma certa desvalorização relativamente às consequências clínicas desta patologia. No entanto, já têm surgido frequentemente estudos a correlacionar a existência de plagiocefalia e atrasos de desenvolvimento motor e cognitivo. Existe também a possibilidade de influenciar o aparecimento de outras situações clínicas:

  • alterações visuais (estrabismo);
  • alterações auditivas e de equilíbrio;
  • alterações da oclusão dentária;
  • dores de cabeça;
  • escoliose.

    Como tratar?

    A melhor terapêutica é sem dúvida a prevenção, até porque 70% dos casos tem tendência a resolver espontaneamente, normalmente por volta dos 6 meses, quando o bebé começa a sentar e já não passa tanto tempo com a cabeça apoiada. No entanto em casos severos esperar pode limitar o sucesso terapêutico.

    Para a prevenção é muito importante:

  • Alternar a rotação da cabeça do bebé enquanto dorme de barriga para cima e/ou posição do bebé no berço;
  • Posicionar o bebé de lado, sempre sob vigilância;
  • Evitar estadia prolongada em ovo, carrinho de passeio ou dispositivos similares;
  • Se aleitamento artificial, evitar dar o biberão sempre do mesmo lado;
  • Colocar frequentemente o bebé de barriga para baixo (tummy time) – mais de 3x/dia, por um total de 30min; sempre sob vigilância;
  • Almofada de posicionamento MIMO (opcional);

    No entanto, se a plagiocefalia já estiver instalada o melhor será sempre recorrer a um profissional especializado como os que encontra na FISIOVIDA, com formação específica em osteopatia pediátrica, no sentido de realizar uma avaliação completa e despistar possíveis sobreposições suturais do crânio, alterações da mobilidade cervical e/ou torcicolo congénito.

    Além disso, estudos mostram que quanto mais cedo se intervir nesta patologia melhores os resultados, sendo que a utilização de terapia manual como ferramenta terapêutica potencia os mesmos.

    Em casos severos ou quando outras terapêuticas se mostraram insuficientes pode ser necessário o uso do capacete (ortótese feita à medida), o qual tem maior benefício quando introduzido entre os 4 e os 9 meses de vida.

    Autora do artigo:

  • Dra. Joana Dias – Fisioterapeuta e Osteopata especializada em Pediatria na FISIOVIDA

    Bibliografia:

  • Shweikch F., Nuño M., DanielPour M., Krieger M.D., Drazin D. Positional Plagiocephaly: an analysis of the literature on the effectiveness of current guidelines. Neurosurgery Focus 35(4): E1, 2013
  • Binkiewiaz-Glinska A., Mianowska A., Sokotów M., Rénska A., Ruckeman-Dziurdzinska K., Bakuta S., Koztowska E. Early diagnosis and treatment of children with skull deformations. The challenge of modern medicine. Developmental Period Medicine 20 (4), 289-295, 2016
  • Cabrera-Martos I., Valenza M.C., Benitez-Feliponi A., Robles-Vizcaino C., Ruiz-Extremera A., Valenza-Demet G. Clinical profile and evolution of infants with deformational plagiocephaly includedin a conservative treatment program. Child’s Nervous System 29 (10), 1893-1898, 2013
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