O torcicolo congénito é uma condição músculo-esquelética pediátrica comum, descrita como uma deformidade postural evidente ao nascimento ou logo após o mesmo, nos primeiros meses de vida, tipicamente caracterizado por inclinação lateral da cabeça para um lado e rotação para o lado oposto, devido a um encurtamento ou fibrose unilateral do músculo esternocleidomastoideu (ECOM). Menos frequentemente se apresenta por inclinação e rotação para o mesmo lado ou de forma bilateral. É uma patologia que pode estar acompanhada por outras alterações, como deformidade craniana, displasia da anca, lesão do plexo braquial e por anomalias do pé ou extremidade inferior.

A sua incidência varia entre 3,9% e 16% dos recém nascidos e pode ocorrer ligeiramente mais frequente em bebés do sexo masculino e em bebés expostos a opioides durante o período intra-uterino.
Outros fatores de risco são:

  • Primipara (primeira gravidez);
  • Bebé grandes;
  • Apresentação de nádegas;
  • Uso de fórceps no parto;
  • Assimetria facial;
  • Plagiocefalia.

    O torcicolo congénito normalmente categoriza-se em 3 tipos: postural, muscular e por fibrose do ECOM:

  • Torcicolo postural: relacionado com a preferência posicional da cabeça do bebé, não havendo afetação muscular primária e normalmente é de severidade ligeira;
  • Torcicolo muscular: há um evidente encurtamento do ECOM, com limitação passiva das amplitudes de movimento do pescoço;
  • Torcicolo por fibrose: presença de uma massa palpável a nível do ECOM e a severidade do torcicolo tende a ser mais elevada, com grande limitação dos movimentos do pescoço.

    Em cerca de 18% dos casos existem outras causas para o desenvolvimento do torcicolo de origem não muscular (oftalmológicas, neurológicas, ortopédicas), que necessitam sempre de ser descartadas.

    As mais recentes guidelines acerca do torcicolo congénito realçam a importância de um diagnóstico precoce, sendo que um dos fatores a ter em conta para a graduação da severidade da condição é precisamente a idade do bebé aquando da primeira avaliação.

    Os estudos científicos na área referem que quanto mais precocemente se iniciar o tratamento, mais eficaz é o mesmo.

    Se iniciado antes do primeiro mês de vida, 98% dos bebés recuperam a sua mobilidade no espaço de 1 mês e meio de tratamento. No entanto, se se esperar após o primeiro mês, este pode prolongar a necessidade de intervenção até 6 meses e se o início se der após os 6 meses de vida pode ser necessário 9 a 10 meses de intervenção terapêutica, com uma percentagem progressivamente maior de bebés a não alcançar amplitudes de movimento normal.
    Em casos de não resolução do quadro, frequentemente persistem, em crianças mais velhas e até adultos, limitações de amplitude de movimento, assimetrias faciais e dor, sendo que o tratamento nesta fase requer outras medidas mais invasivas: neurotoxina botulinica ou até mesmo cirurgia. Muitas vezes também se associa a atrasos de desenvolvimento, disfunção temporomandibular e alterações posturais estáticas. O atraso de desenvolvimento pode apenas ser visível em idade escolar, sendo aconselhável um acompanhamento periódico da criança, mesmo após alta terapêutica.

    Quais os objetivos terapêuticos?

  • Recuperar amplitudes de movimento passivas do pescoço;
  • Recuperar amplitudes de movimento ativas do pescoço;
  • Desenvolvimento de movimento simétrico;
  • Adaptações ambientais;
  • Educação parental, educadores (o seguimento de um plano terapêutico por parte destes é vital ao sucesso na resolução das limitações).

    Na forma postural adquirida é essencial a PREVENÇÃO:

  • Alternar a rotação da cabeça do bebé enquanto dorme de barriga para cima e/ou posição do bebé no berço;
  • Posicionar o bebé de lado;
  • Evitar estadia prolongada em ovo, carrinho de passeio ou dispositivos similares;
  • Se aleitamento artificial, evitar dar o biberão sempre do mesmo lado;
  • Colocar frequentemente o bebé de barriga para baixo (tummy time) – mais de 3x/dia, por um total de 30min; sempre sob vigilância.

    Assim, na FISIOVIDA, tem ao seu dispor profissionais qualificados, com formação específica na área da pediatria, que o podem ajudar a atingir as metas propostas, pois um diagnóstico e intervenção precoces são críticos na correção rápida e identificação atempada de problemas secundários ou associados, assim como na prevenção de futuras complicações.

    Bibliografia:

    Kaplan, S.L. Coulter, C. Sargent, B. Physical therapy management of congenital muscular torticollis. A 2018 evidente-based clinical practice guideline from the APTA Academy of Pediatric Physical Therapy. Pediatric Physical Therapy: 30(4), 240-290, October 2018

    Autora do artigo: Dra. Joana Dias – Fisioterapeuta e Osteopata na FISIOVIDA

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