As assimetrias cranianas afetam a forma da cabeça dos bebés e podem ter diversas causas, desde fatores pré-natais e até posturais. Elas podem ser congénitas, presentes ao nascimento, ou posicionais, resultantes da aplicação de forças externas sobre os ossos maleáveis do crânio, interferindo no desenvolvimento normal, simétrico e harmonioso da cabeça.
Um dos tipos mais comuns de assimetrias cranianas é a plagiocefalia posicional ou não sinostótica, que consiste numa deformidade que faz com que a cabeça se assemelhe a um paralelogramo, sendo causada por pressão na parte posterior ou anterior de um dos lados da cabeça, resultando num achatamento de um lado e uma protuberância do outro.
Na Fisiovida, a avaliação detalhada inclui a observação da forma da cabeça, medições cranianas e uma análise global do movimento e desenvolvimento do bebé, sendo que a abordagem terapêutica através da terapia manual tem mostrado ser eficaz na correção destas deformidades, melhorando também a atividade postural e sensório-motora do bebé. No entanto, a prevenção é essencial, onde o papel ativo dos pais e cuidadores é crucial, e uma vez instalada a deformidade, a intervenção precoce e o acompanhamento contínuo são fundamentais para o sucesso do tratamento.
Causas das assimetrias cranianas
As causas das assimetrias cranianas são variadas. Em termos pré-natais, a moldagem intra uterina pode ser influenciada por condições como macrossomia, gestação múltipla, oligohidrâmnio e condições maternas, como tónus muscular elevado e anomalias uterinas. Durante o período perinatal, o crânio do recém-nascido, devido à sua flexibilidade, pode sofrer deformações durante o parto, especialmente em partos assistidos ou prolongados. Após o nascimento, a posição mantida da cabeça do bebé durante os primeiros meses de vida pode interferir no desenvolvimento normal dos ossos cranianos, especialmente devido à posição do berço, dormir de barriga para cima com a cabeça voltada preferencialmente para o mesmo lado e alimentação unilateral.
Fatores de risco adicionais incluem diabetes gestacional, sexo masculino, idade materna avançada, nível educacional e económico dos pais, primiparidade, atrasos no desenvolvimento motor e torcicolo congénito. Muitas vezes associado, o torcicolo congénito pode ser tanto uma causa quanto uma consequência da plagiocefalia, causando alterações no desenvolvimento do músculo esternocleidomastóideo, rigidez, restrição de movimento e disfunções articulares.
Avaliação e diagnóstico da plagiocefalia na Fisiovida
Na Fisiovida, a avaliação das assimetrias cranianas envolve a observação da forma da cabeça e medição craniométrica para avaliar a gravidade da assimetria e verificar a necessidade de encaminhamento para um neurocirurgião pediátrico. Também avaliamos a face, postura, motricidade e maturidade neurológica do bebé. A observação facial foca-se na posição dos olhos, alinhamento das orelhas e simetria mandibular, enquanto a avaliação postural analisa o alinhamento global do corpo. A avaliação motora verifica a atividade motora espontânea e a liberdade dos movimentos da cabeça, avaliando se as alterações estão a afetar o desenvolvimento sensório-motor do bebé ou se há fatores de risco envolvidos. A avaliação neurológica inclui o exame do tónus muscular, reflexos e sinais neurovegetativos.
Abordagem terapêutica da plagiocefalia na Fisiovida
No caso das assimetrias cranianas, a abordagem por terapia manual das disfunções do sistema musculoesquelético reversíveis elimina não só as disfunções de movimento articular, como também otimiza a atividade postural do bebé. Nestes casos, apesar de o prognóstico ser favorável e os resultados começarem a ser visíveis habitualmente em poucas sessões (1-2 meses de acompanhamento), o seguimento terapêutico do utente pediátrico é mais prolongado. Muitas vezes, este acompanhamento estende-se ao processo de desenvolvimento do bebé, particularmente no primeiro ano de vida ou até à aquisição da marcha. Em situações mais graves, poderá ser necessário uma vigilância de rotina durante a infância e adolescência,no sentido de identificar precocemente alguma sequela ou consequência, que se manifeste mais tardiamente ao longo do crescimento da criança.
Impactos e prevenção das deformidades cranianas
As assimetrias cranianas, embora muitas vezes consideradas apenas um problema estético, podem estar associadas a atrasos no desenvolvimento sensório-motor, problemas visuais, auditivos, de equilíbrio e de oclusão dentária, afetando a organização postural do bebé. A prevenção é fundamental, envolvendo a alternância da rotação da cabeça durante o sono, posicionamento lateral diurno sob vigilância, evitando o uso prolongado de dispositivos como espreguiçadeira ou ovo, alimentação alternada e prática de “tummy time”.
Tratamento e intervenção das deformidades cranianas
Se detetar alguma assimetria craniana no seu bebé, é crucial uma avaliação precoce. Na Fisiovida, os nossos especialistas em osteopatia pediátrica realizam uma avaliação completa para identificar possíveis sobreposições suturais, alterações na mobilidade cervical ou torcicolo congénito. Estudos mostram que a intervenção precoce melhora significativamente os resultados, e a terapia manual é uma ferramenta eficaz no tratamento das assimetrias cranianas, especialmente antes dos seis meses de idade. Em casos severos ou quando outras terapias são insuficientes, pode ser necessário o uso de ortóteses cranianas (capacetes personalizados). Além disso, os pais e cuidadores do bebé são também importantes aliados deste processo, devendo adotar medidas posicionais e de transporte que favoreçam a liberdade de apoio da cabeça no local achatado. Dispositivos de babywearing ajudam bastante neste processo, além de serem uma excelente forma de estimular um dos sistemas mais importantes ao desenvolvimento do bebé: o sistema vestibular (equilíbrio).
Fique atento aos sinais de alerta, como o achatamento de um lado da cabeça, proeminência posterior da cabeça do lado oposto ao achatamento, preferência por amamentar de um lado, proeminência da testa de um lado, elevação do topo da cabeça, rotação preferencial da cabeça para um lado, diminuição da mobilidade do pescoço, um olho mais fechado que o outro, orelhas desniveladas e assimetria da mandíbula. Se notar qualquer um destes sinais, consulte o pediatra e considere uma avaliação de osteopatia pediátrica na Fisiovida. A identificação precoce e a intervenção adequada são cruciais para o sucesso na correção das assimetrias cranianas. Além do pediatra e do osteopata, outros profissionais de saúde, como fisioterapeuta e neurocirurgião pediátrico, podem ser necessários para uma abordagem multidisciplinar.
Na Fisiovida, estamos comprometidos com a saúde e o bem-estar do seu bebé, oferecendo uma avaliação abrangente e um plano de tratamento personalizado para cada caso.
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Fisioterapeuta e Osteopata. Especialista em Osteopatia Pediátrica.