A hipercifose torácica, conhecida também como coluna corcunda, carateriza-se visivelmente por uma curva exagerada na região da coluna torácica, parte média da coluna, quando um indivíduo está em repouso. É frequentemente associada a um enrolamento dos ombros e cabeça exageradamente para a frente.
Este é um fenómeno que acontece gradualmente e inicialmente sem dor.

Porque acontece?

Este problema postural não tem qualquer relação com falta de força dos músculos posteriores das costas mas sim com diferenças de tensões dos músculos tónicos, aqueles que têm a responsabilidade de nos manter “direitos” em repouso, sem esforço. O que significa que quando existe uma coluna excessivamente curvada existe uma tensão exagerada dos músculos anteriores relativamente aos músculos do compartimento posterior.

A responsabilidade é por isso do sistema muscular e fascial anterior que puxa a cabeça e a região dorsal para a frente e não da fraqueza muscular posterior!

Os músculos posteriores, como resposta, apresentam uma elevada tensão e estão em estiramento.

Existem diversas causas que podem explicar este desequilibrio de tensões, nomeadamente:

  • Más posturas mantidas. Como por exemplo, uma pessoa que trabalhe todo o dia sentada tem tendência a assumir uma postura curvada viciosa;
  • Excesso de cargas e musculação desequilibrada;
  • Trabalhos repetitivos: profissões que obrigam o trabalhador a realizar o mesmo gesto, repetidamente ao longo do dia de trabalho;
  • Causas intrínsecas ao indivíduo como a predisposição genética ou certas patologias como a espondilite anquilosante, doença de scheurmann e a osteoporose;
  • Problemas respiratórios ou cardíacos;
  • Malformações congénitas
  • Tensões ao nivel do diafragma;
  • Ausência de alongamentos eficazes;
  • Entre outros.

    Sendo uma alteração postural, este problema identifica-se facilmente pela observação da postura. A radiografia é um exame complementar, por vezes solicitada, que ajuda na confirmação de suspeitas de alterações ósseas, como as vértebras em cunha.
    Muitas vezes o próprio indivíduo não tem noção da sua alteração postural e chega até nós por indicação de familiares e amigos que se apercebem e tentam alertar para a sua correcção, mas sem resultado.

    “Eu muitas vezes lembro-me da posição das minhas costas e tento endireitar-me…mas ao final de uns minutos esqueço-me e volto à mesma posição errada…Porque é que isto acontece?”
    Esta é uma das questões mais frequentes na nossa consulta. A resposta é simples:
    A postura é controlada por zonas do cérebro não conscientes que se adaptam e moldam-se constantemente, de acordo com a informação que recebe das restantes partes do corpo. Além da informação relativamente à posição de cada parte do nosso corpo, enviada pelos músculos, tendões e ligamentos, há outros sistemas que são responsáveis por recolher informação sobre o nosso corpo e sobre o meio que o envolve, influenciando assim a postura. Chamamos-lhes por isso de captores posturais, e são eles: Os olhos, o sistema vestibular, a Articulação Temporo-mandibular (ATM) e os pés. Toda a informação recolhida por estes sistemas será enviada e processada então pelo SNC (Sistema Nervoso Central).

    A comunicação permanente, entre os vários sistemas corporais e o SNC, e vice-versa, gera uma resposta sobre os músculos posturais que se ajustam automática e inconscientemente de acordo com as necessidades da tarefa, com reflexo na postura do individuo. Deste complexo sistema, resultará então a postura natural do individuo.

    Pelos motivos supramencionados, a pessoa quando tenta auto-corrigir a sua postura, de forma consciente ou após o alerta de outras pessoas, só terá sucesso por um curto período de tempo, voltando à postura natural.

    Isto explica-se porque as estruturas inconscientes responsáveis por modelar a postura não sofreram qualquer alteração. Além disso, a correção da postura, puramente de forma consciente, pode resultar em adaptações e compensações incorretas, contribuindo para o aparecimento de dores indesejadas.

    Para que se consiga uma postura melhor, mais equilibrada e económica ergonomicamente, terão de se alterar os captores posturais caso estes estejam com problemas, e sobretudo utilizar “estratégias de comunicação” eficazes, para influenciar o SNC e assim modificar realmente a postura.

    De forma didática, podemos recorrer a este exemplo: Para melhorar um computador por vezes não podemos apenas modificar os componentes do hardware; há que atualizar o software acerca das alterações processadas de forma a tirar o máximo rendimento do computador.

    A nossa postura funciona segundo o mesmo principio: há que alterar o exterior mas sem esquecer que precisamos de modificações no nosso software, neste caso o SNC.

    Em suma, e assumindo que não há posturas ideais, dentro do possível, a correção postural passa por reequilibrar as tensões nos músculos posturais, informar o SNC das novas condições e fazer com que todo o sistema as reconheça de forma natural, automática e inconsciente. É um processo complexo, e sempre ATIVO!!!

    Quais os riscos associados à “coluna corcunda”?

  • Músculos fracos: um músculo encurtado ou estirado é um músculo mais fraco do que seria se estivesse no seu comprimento ideal;
  • Diminuição da capacidade respiratória: os músculos inspiratórios, se não forem capazes de relaxar devido à elevada tensão, não permitem a descida do tórax que é essencial ao processo das trocas gasosas;
  • Presença de dores locais ou à distância do problema: todas as regiões do corpo estão ligadas, assim uma postura incorreta da coluna pode facilmente gerar dores ao nível do pescoço, da cabeça, dos ombros ou da coluna lombar por compensações;
  • Estética: uma pessoa “corcunda” pode não se sentir à vontade com o seu corpo e pode comprometer a sua relação interpessoal e social;

    Tratamento da “coluna corcunda”:
    A R.P.G. atua tendo por base a avaliação detalhada da postura do indivíduo e os sintomas apresentados. Com este método, procura-se reequilibrar as tensões das diferentes cadeias de coordenação neuromuscular do corpo, devolvendo aos músculos uma adequada relação entre comprimento/tensão para executarem a função de forma eficaz.

    Este método não esquece a importância do SNC na manutenção da postura. A R.P.G é um método ATIVO em todas as suas posturas, e são sempre incluídas técnicas de integração que permitem “comunicar” com o SNC, a fim de configurar as alterações processadas durante a sessão, e garantir que os resultados sejam duradouros.

    A respiração é processo integrante do método de R.P.G, garantindo um trabalho sobre o diafragma e outros músculos acessórios da respiração, que têm um papel preponderante também na postura.
    Com a R.P.G. recupera-se a mobilidade e interdependência de uma zona relativamente à outra, tornando possível um movimento isolado sem compensação de outra zona, como por exemplo, torna-se possível mover os ombros sem influenciar a posição da coluna.
    É um método sem dor, com recurso a posições estáticas, onde é procurado o alinhamento global adequado, mas realizado de forma seletiva, de acordo com a postura e condição de cada pessoa. À medida que o corpo cede e liberta as suas tensões, através do alongamento ativo-assistido, alcança-se naturalmente uma postura mais equilibrada e com menos tensão.

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