A Osteopatia Pediátrica é uma área de intervenção da Osteopatia muito relevante e necessária uma vez que tanto na gravidez como no parto o bebé pode adotar posicionamentos e sofrer pressões que afetem a mobilidade e correto funcionamento das suas estruturas.
Aliás, é muito frequente encontrar adultos sintomáticos cuja origem do seu problema se encontra relacionada com algum evento traumático acontecido na infância, sendo considerado o parto como o 1º “traumatismo” vivenciado pelo ser humano.
“Nunca nos recuperamos completamente de termos nascido” dizia Andrew Taylor Still, médico e pai da Osteopatia.
Mas como pode ser o momento que nos dá a vida um trauma?
Pois bem, durante o trabalho de parto normal o crânio do bebé vai estar sujeito a forças de compressão de aproximadamente 17 a 23 kg, vindas de variadas fontes:
Os ossos da cabeça do recém-nascido são ainda muito maleáveis, devido à sua constituição maioritariamente membranosa, uma vez que a sua completa ossificação apenas se conclui por volta da puberdade. Também estão completamente separados uns dos outros através das suturas e podemos encontrar as fontanelas, que são nada mais, nada menos do que espaços entre diferentes ossos para permitir o crescimento do crânio ao longo do desenvolvimento da criança. Essa maior maleabilidade e separação dos ossos do crânio permitem que haja a possibilidade de algum movimento e também a sobreposição e modelagem dos mesmos à pélvis da mãe, diminuindo assim todos os diâmetros craniais, de modo a facilitar a passagem do bebé ao longo do canal de parto.
O habitual é que ao fim de alguns dias estas alterações tenham normalizado, mas isso nem sempre ocorre na totalidade, podendo persistir no tempo algumas dessas adaptações craniais o que poderá influenciar a forma como esse osso se irá desenvolver e ossificar.
Isso poderá frequentemente afetar o desenvolvimento de outras estruturas corporais à distância e de diferentes sistemas associados, devido à estreita relação entre o crânio e a coluna vertebral e também através de todo o sistema de tecido conectivo que nos constitui.
Então devem já estar a pensar…o melhor é eu fazer uma cesariana?…Errado!
Realmente quando pensamos no processo do parto vaginal como fonte potencial de disfunções cranianas, este pode parecer um evento indesejado. No entanto, pensa-se que o stress inerente a este processo, associado aos movimentos de inclinação e rotação que o bebé tem que realizar para se adaptar à pélvis materna, é benéfico para o bebé, pois estimula a produção de catecolaminas(neurotransmissor), as quais potenciam a habilidade de sobrevivência do bebé, estimulam a respiração, aceleram o metabolismo e aumentam a vascularização para órgãos vitais. Além disso, também parece haver benefício ao nível do desenvolvimento do seu sistema imunitário.
Também, a necessidade de uma cesariana está muitas vezes relacionada com a existência de algum motivo de sofrimento fetal, sendo que bebés nascidos de cesariana têm tendência a ter maior frequência de alterações alimentares, pela afetação do reflexo de sucção, de alterações respiratórias no seu desenvolvimento, valores mais baixos na avaliação de Apgar, recorrem 5 vezes mais a assistência respiratória, e são 5 vezes mais frequentemente admitidos nos cuidados intermédios ou intensivos.
Além disso, para a mãe, tráz um maior número de complicações e mais graves durante a intervenção e o pós-operatório que num parto normal.
E quais as consequências das disfunções craniais?
O crânio é sem sombra de dúvida uma estrutura importantíssima do corpo humano, tendo como principal função a proteção de estruturas vitais à sobrevivência do ser humano: o CÉREBRO e TRONCO CEREBRAL. Através de orifícios existentes na sua estrutura óssea emergem os nervos cranianos responsáveis pela inervação e funcionamento de diferentes órgãos e sistemas do corpo humano. Também através deles passam estruturas vasculares venosas, responsáveis por 95% da drenagem do crânio.
Assim sendo, qualquer alteração na mobilidade, forma ou posição dos ossos craniais pode afetar estas estruturas e a sua função.
Em que consiste o tratamento osteopático em bebés…é doloroso?
Na FISIOVIDA tem ao seu dispor profissionais qualificados e com formação especializada em pediatria para proceder a uma avaliação minuciosa e delineação de um plano de tratamento adequado.
O tratamento consiste em aplicação de técnicas manuais, através de contactos muito suaves, de apenas 5gr de pressão.
É possível que o bebé chore um pouco no decorrer da sessão, não porque tenha dor, mas sim porque se chateie de ter alguém com as mãos na sua cabeça ou a obstruir o seu campo visual.
Muitas vezes o tratamento inclusive decorre enquanto o bebé brinca, dorme ou é amamentado.
Quais as situações em que deve procurar a ajuda de um osteopata pediátrico:
Autora do artigo: Dra. Joana Dias – Fisioterapeuta e Osteopata FISIOVIDA
Bibliografia:
Ricard F. Tratado de Osteopatia craneal. Articulacion temporomandibular. Análisis y tratamento ortodóntico, 2ª ed Buenos Aires; Madrid: Medica Panamericana; 2005
Ricard F., Martínez E. Osteopatia y pediatria. 2ª ed Editoria Medos; 2015
Sergueef N. Cranial osteopathy for infants, children and adolescents, Churchill Livingstone Elsevier; 2007