Quer seja por uma inflamação intestinal, uma gravidez ou um aumento de volume abdominal durante um longo período de tempo, tudo isto origina uma distensão do reto abdominal (músculo superficial do abdómen). Quando a causa dessa distensão é resolvida, seja ela causada por inflamação, gordura ou pela gravidez, não implica que a parede abdominal fique firme por si só. É necessário um trabalho específico de recrutamento muscular de um músculo que ficou alongado e do qual foi exigido contração e suporte adequado estando as suas fibras musculares distendidas.

FLACIDEZ ou Gordura Subcutânea?
Existem muitas dúvidas acerca de se estar perante um caso de gordura subcutânea ou flacidez. Muitas vezes, as duas estão associadas. No entanto, quando há perda desse volume, tal como um elástico, o músculo ficará distendido e flácido. Até porque, se medirmos a prega abdominal, a espessura do tecido adiposo subcutâneo é muitas vezes reduzida…

Então o que acontece na realidade?!
O que acontece, na verdade, é que devido à perda de volume abdominal, podendo este ter sido de várias formas, todo o core sofreu alterações. Desta forma, verifica-se que não só o reto abdominal está flácido e enfraquecido, como também os oblíquos (que são estabilizadores do tronco), apresentam debilidade e muitas vezes, assimetria. Para além disso, o músculo diafragma também se altera uma vez que, perante um aumento do volume abdominal, este encurta-se, não conseguindo uma contração óptima nem um relaxamento total. É possível verificar que a maioria das pessoas com elevado volume abdominal apresentam uma respiração curta e, desta forma, apical (respiração com parte superior do tórax). O pavimento pélvico também sofrerá com esta alteração diafragmática e com o aumento do volume abdominal, sendo que um peso de 3 a 5kg sobre este influencia já a sua capacidade de contração, desafiando as suas fibras tónicas de sustentação na maior parte do tempo.

Perante todo este volume abdominal, o centro de gravidade desloca-se anteriormente, exigindo aos músculos posturais, nomeadamente paravertebrais, a reterem toda esta deslocação de carga anterior, com o objetivo de manter a postura, principalmente em pé.
O método de Pilates é conhecido pelo seu foco no core. No entanto, este não apresenta apenas exercícios específicos para a parede abdominal mas sim, pelo contrário, desafia os músculos abdominais através do trabalho com os membros superiores e inferiores:
1. A colocação correta das omoplatas e o seu fortalecimento beneficiará a caixa torácica, melhorando a posição diafragmática;
2. O trabalho respiratório com movimentos de torção potenciará essencialmente os músculos oblíquos;
3. O reforço de glúteos e adutores será essencial para a ativação concomitante de reto, transverso abdominal e pavimento pélvico;
4. Os movimentos amplos de pernas e braços serão usados como destabilizadores de equilíbrio, obrigando a que todo o core seja recrutado para manter a estabilidade lombo-pélvica e cintura escapular.

A importância da integração da Ginástica Abdominal Hipopressiva no tratamento do Abdominal “Flácido”:
Após perda de volume abdominal em que a parede abdominal apresenta-se hipotónica, o recrutamento abdominal, através da técnica de Ginástica Abdominal Hipopressiva, faz todo o sentido para sensibilizar e consciencializar o core, relaxar o diafragma, encurtar o reto abdominal sem pressão intra-abdominal conseguida através do relaxamento diafragmático.
Para além disso, realiza uma força de tração superior na púbis pela inserção do reto abdominal nesta, favorecendo o deslizamento das fibras musculares no sentido do encurtamento e contribuindo para o reposicionamento do centro de gravidade. Este input ,com reduzida pressão intra-abdominal, permite um aumento do espaço entre as vértebras lombares, beneficiando as lombares rígidas e planas, uma vez que evita forças nocivas sobre esta. Após o trabalho em encurtamento de reto abdominal em hipopressivo, o músculo poderá ser desafiado com um recrutamento em alongamento.
Apesar de, na presença de um abdominal flácido, débil, o foco ser o core, o método de Pilates trabalha o corpo como um todo para chegar ao centro, sem forças compressivas sobre a coluna.

Autora do artigo:

  • Dra. Marta Gomes – Fisioterapeuta especializada em Pilates na FISIOVIDA

    Bibliografia:

  • Pilates’ Return to life through contrology; Revised edition for the 21st century by Judd Robbins and Lin Van Heuit-Robbins.
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